destinação adequada

Nova fábrica de Santa Maria vai receber animais mortos e descarte de móveis

Deni Zolin

Foto: Vale Fértil (Divulgação)

Uma fábrica de biofertilizantes que vai se instalar este ano no Distrito Industrial de Santa Maria ajudará a resolver um antigo problema na cidade e na região. Quando começar a funcionar, no segundo semestre de 2019, ela passará a receber animais mortos, sofás e outros móveis de madeira velhos, cascas de arroz, restos de podas e de alimentos de restaurantes.

A maioria desses resíduos não tem hoje uma destinação adequada atualmente, gerando problemas ambientais. Na fábrica, eles passarão por processos de separação, trituração e compostagem para ser transformados em adubos orgânicos, sólido e líquido. A empresa Vale Fértil, do empresário Loir Cigolini, deve investir R$ 4,5 milhões e empregar 10 pessoas neste primeiro ano, tendo planos de expansão futura, segundo Cícero Genro, responsável técnico pelo projeto.

O contrato do terreno no DI está prestes a ser assinado, e a empresa entrará em breve com o pedido de licenciamento ambiental. Num dos pavilhões, que será coberto e com piso, serão recebidos os inservíveis de madeira. Funcionários vão retirar tecidos e o que não pode ser reaproveitado. A madeira será triturada em cavacos. Para produzir o adubo, serão misturados outros resíduos, como animais mortos.

VÍDEO: empresário coloca cartaz na frente da loja oferecendo água para operários que trabalham no asfalto

- Para fazer adubo orgânico, é preciso fontes de carbono e nitrogênio. O carbono é o cavaco, pode-se usar outras fontes, como maravalha ou casca de arroz, que entra nesse fluxo. A empresa vai receber o animal morto, que tem de ser picotado para ser misturado com esse cavaco e essa fonte de carbono. Passa um tempo em temperatura controlada de forma que o processo seja seguro. O processo elimina microorganismos, pois fica 7 dias com revolvimento, injetando ar para auxiliar na decomposição, misturado com a fonte de carbono. E mesmo assim, depois desse processo, vamos produzir uma compostagem aerada, para dar uma segurança fitopatológica. Daí, vamos jogar ainda para minhocultura, pois tem capacidade de reter metais pesados, e ainda vou ter um produto bem mais poderoso, que é o húmus - conta Genro, citando que Santa Maria gera, em média, de 15 a 20 animais mortos de grande porte por mês e que atualmente.

Como contrapartida, por um tempo, a empresa vai receber animais mortos e restos de poda da prefeitura de graça. Porém, depois, a Vale Fértil vai cobrar uma taxa da prefeitura e das empresas e dos moradores que queiram levar esses tipos de rejeitos. Os valores não foram definidos. Moradores poderão levar cães e gatos mortos, mas será cobrado um valor para recebê-los.

A secretária de Meio Ambiente de Santa Maria, Sandra Rebelato, diz que ainda não conhece o projeto em detalhes, mas afirma que a chegada da empresa será um grande avanço para a cidade e a região.

- Ajudará a resolver um grande problema que é a destinação de animais mortos e de outros resíduos, conforme previsto na legislação - diz Sandra.

COMO SERÁ
O que a Vale Fértil vai receber 

  • Animais mortos (pequeno e grande porte)
  • Inservíveis de madeira (sofás e móveis de madeira, MDF e MDP)
  • Restos de podas de árvores
  • Grama cortada
  • Alimentos vencidos
  • Produtos impróprios ao consumo que foram apreendidos
  • Resíduos cárneos
  • Resíduos orgânicos de grandes geradores, como restaurantes
  • Esterco de animais
  • Lodos, como o de estações de tratamento de esgoto
  • Casca de arroz

Como será o recebimento 

  • Quando empresa abrir, no 2º semestre, receberá animais mortos, restos de podas e inservíveis de madeira destinados pela prefeitura de Santa Maria, sem cobrança de taxas. Pelo contrato de cedência da área do DI, a Vale Fértil terá de receber esses resíduos da prefeitura de graça durante um ano, o que deve ocorrer no 2º ano de operação
  • Será cobrada taxa para receber resíduos de prefeituras da região e de empresas, como restaurantes, que geram lixo em grande quantidade
  • Será cobrada taxa de empresas e moradores que levarem animais mortos e outros resíduos
  • Os valores de cobrança ainda não foram definidos

PROCESSO É SEGURO, DIZ TÉCNICO DE FABRICANTES DE ADUBOS ORGÂNICOS
O responsável técnico da vale Fértil, Cícero Genro garante que o processo não provocará mau cheiro no Distrito Industrial. O resultado do processo, feito em equipamento importado da Alemanha, será a produção de adubo orgânico (húmus de minhoca) e biofertilizante líquido, que serão vendidos a pequenos, médios e grandes clientes, em supermercados e agropecuárias. São produtos que poderão ser usados tanto em jardins e hortas quanto em grandes lavouras.

- O fertilizante orgânico tem um preconceito, por causa do teor de umidade, pois algumas empresas no passado vendiam adubo com excesso de umidade, para lucrar mais, porque a venda é por peso. Mas ele embuchava os equipamentos ao espalhar o produto na lavoura. Daí, para aplicar acabava quebrando os equipamentos e os produtores não queriam mais saber de adubos orgânicos - afirma Genro.

Por isso, a empresa diz que venderá adubos sólidos com umidade controlada, para evitar esse tipo de problema. Já o biofertilizante líquido, ou húmus líquido, é para aplicação nas folhas, para vários tipos de cultura.

- Fizemos experimento em Boca do Monte e aplicamos o húmus líquido nas sementes de arroz antes de semear, e depois, na primeira água da irrigação. A germinação foi bem melhor. Reduziu o uso de agrotóxicos e de adubação química em 25%. Subiu a produtividade - diz Genro.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Fábrica que receberá animais mortos aproveita  filão de mercado pouco explorado Anterior

Fábrica que receberá animais mortos aproveita filão de mercado pouco explorado

Governo avalia hipótese de aposentadoria com idade mínima de 65 anos para homem e mulher Próximo

Governo avalia hipótese de aposentadoria com idade mínima de 65 anos para homem e mulher

Economia